Jônatas Martins Lopes

Evangélicos no Brasil.

O primeiro culto evangélico realizado no Brasil e na América foi pelos presbiterianos há 460 anos em uma pequena colônia fundada pelos franceses na baía de Guanabara, no dia 10 de março, uma quarta-feira do ano de 1.557.

O Rev. Richier orou invocando a Deus e em seguida cataram o Salmo 5: "Dá ouvidos, Senhor, às minhas palavras".

Na sequência, o pastor Richier pregou a primeira mensagem em nossa Pátria no Salmo 27: 4: "Uma coisa peço ao Senhor e a buscarei: que eu possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo".

A primeira Santa Ceia celebrada no Brasil foi no domingo 21 de março de 1557.

A História da Águia

A HISTÓRIA DA ÁGUIA.

"Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços certamente cairão; Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão". [Isaias 40: 30 e 31].

"Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome.
Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios. [pois é Ele] que enche de bens a tua existência, de modo que a sua juventude se renova como a águia.". Salmos 103:1-2 e 5.

A águia é a ave que possui maior longevidade da espécie, chegando a viver setenta anos.
Mas para chegar a essa idade, aos quarenta anos ela tem que tomar uma difícil decisão. Nesta idade ela está com as unhas compridas e flexíveis, não consegue mais agarrar suas presas das quais se alimenta. O bico alongado e pontiagudo se curva. As asas envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas, e voar já se tornaram difícil!
Então a águia só tem duas alternativas: Morrer, ou enfrentar um dolorido processo de renovação que irá durar cento e cinquenta dias.

Esse processo consiste em voar, com dificuldade para o alto de uma montanha e se recolher em um ninho próximo a um paredão de pedras onde não necessite voar. Após encontrar o lugar ideal, a águia começa a bater com o bico em uma pedra até conseguir arrancá-lo.
Após arrancá-lo, espera nascer um novo bico, com o qual arrancará as velhas unhas. Com novo bico e unhas já nascidos, ela passa a arrancar as penas. E depois de cinco meses de grande sofrimento, renovada, alça seu voo para viver mais trinta anos.
E nossa vida, não é diferente, precisamos de renovação para continuar a voar o voo de vitória, de novas conquistas - desprendidos de lembranças, costumes, e hábitos que nos causam sofrimentos.

Somente livres do peso do passado, poderemos aproveitar o resultado valioso que a renovação nos traz.

"Se alguém está com Cristo é nova criatura; as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo". II Coríntios 5: 17

Pastor Jônatas Martins Lopes

OS DESIGREJADOS E A IGREJA

20/02/2017

Para mim resta pouca dúvida de que a igreja institucional e organizada está hoje no centro de acirradas discussões em praticamente todos os quartéis da cristandade, e mesmo fora dela. O surgimento de milhares de denominações evangélicas, o poderio apostólico de igrejas neopentecostais, a institucionalização e secularização das denominações históricas, a profissionalização do ministério pastoral, a busca de diplomas teológicos reconhecidos pelo estado, a variedade infindável de métodos de crescimento de igrejas, de sucesso pastoral, os escândalos ocorridos nas igrejas, a falta de crescimento das igrejas tradicionais, o fracasso das igrejas emergentes - tudo isto tem levado muitos a se desencantarem com a igreja institucional e organizada.

Alguns simplesmente abandonaram a igreja e a fé. Outros, querem abandonar apenas a igreja e manter a fé. Querem ser cristãos, mas sem a igreja. Muitos destes estão apenas decepcionados com a igreja institucional e tentam continuar a ser cristãos sem pertencer ou frequentá-las. Todavia, existem aqueles que, além de não mais frequentarem a igreja, tomaram esta bandeira e passaram a defender abertamente o fracasso total da igreja organizada, a necessidade de um cristianismo sem igreja e a necessidade de sairmos da igreja para podermos encontrar Deus. Estas idéias vêm sendo veiculadas através de livros, palestras e da mídia. Viraram um movimento que cresce a cada dia. São os desigrejados.

Muitos livros recentes têm defendido a desigrejação do cristianismo.

Em linhas gerais os desigrejados defendem os seguintes pontos.

1) segundo um desigrejado: Cristo não deixou qualquer forma de igreja organizada e institucional.

2) segundo um desigrejado: Já nos primeiros séculos os cristãos se afastaram dos ensinos de Jesus, organizando-se como uma instituição, a Igreja, criando estruturas, inventando ofícios para substituir os carismas, elaborando hierarquias para proteger e defender a própria instituição, e de tal maneira se organizaram que acabaram deixando Deus de fora. Com a influência da filosofia grega na teologia e a oficialização do cristianismo por Constantino, a igreja corrompeu-se completamente.

3) segundo um desigrejado: Apesar da Reforma ter se levantado contra esta corrupção, os protestantes e evangélicos acabaram caindo nos mesmos erros, ao criarem denominações organizadas, sistemas interligados de hierarquia e processos de manutenção do sistema, como a disciplina e a exclusão dos dissidentes, e ao elaborarem confissões de fé, catecismos e declarações de fé, que engessaram a mensagem de Jesus e impediram o livre pensamento teológico.

4) segundo um desigrejado: A igreja verdadeira não tem templos, cultos regulares aos domingos, tesouraria, hierarquia, ofícios, ofertas, dízimos, clero oficial, confissões de fé, rol de membros, propriedades, escolas, seminários.

5) segundo um desigrejado: De acordo com Jesus, onde estiverem dois ou três que crêem nele, ali está a igreja, pois Cristo está com eles, conforme prometeu em Mateus 18. Assim, se dois ou três amigos cristãos se encontrarem em um Café em um dia qualquer para falar sobre as lições espirituais do filme O Livro de Eli, por exemplo, ali é a igreja, não sendo necessário absolutamente mais nada do tipo ir à igreja no domingo ou pertencer a uma igreja organizada.

6) segundo um desigrejado: A igreja, como organização humana, tem falhado e caído em muitos erros, pecados e escândalos, e prestado um desserviço ao Evangelho. Precisamos sair dela para podermos encontrar a Deus.

Eu concordo com vários dos pontos defendidos pelos desigrejados. Infelizmente, eles estão certos quanto ao fato de que muitos evangélicos confundem a igreja organizada com a igreja de Cristo e têm lutado com unhas e dentes para defender sua denominação e sua igreja, mesmo quando estas não representam genuinamente os valores da Igreja de Cristo. Ela, na verdade sobreviveu de forma vigorosa nos quatro primeiros séculos se reunindo em casas, cavernas, vales, campos, e até cemitérios. Os templos cristãos só foram erigidos após a oficialização do Cristianismo por Constantino, no séc. IV.

Se esse é o problema voltemos a congregar nos cemitérios! Desde que Cristo seja glorificado e os escândalos terminem, e esses pensamentos facciosos também.

Os desigrejados estão certos ao criticar os sistemas de defesa criados para perpetuar as estruturas e a hierarquia das igrejas organizadas, esquecendo-se das pessoas e dando prioridade à organização. Porém, não é verdade que em todas as organizações as pessoas são valorizadas. E também estou de acordo com a constatação de que a igreja institucional tem cometido erros no decorrer de sua longa história.

Dito isto, pergunto se ainda assim está correto abandonarmos a igreja e seguirmos um cristianismo real e autêntico desligados da igreja. Pergunto ainda se os desigrejados não estão jogando fora o único meio de aprendizado e crescimento espiritual. Ao final, parece que a revolta deles não é somente contra a institucionalização da igreja, mas contra qualquer coisa que imponha limites ou restrições à sua maneira de pensar e de agir. Fico com a impressão de que eles querem se livrar da igreja para poderem ser cristãos ao seu modo e acreditarem no que quiserem - sendo livres pensadores sem conclusões ou convicções definidas - fazerem o que querem, para poderem experimentar de tudo na vida sem receio de penalizações e correções. Esse tipo de atitude anti-instituição, antidisciplina, anti-regras; anti-autoridade, antilimites de todo tipo se encaixa perfeitamente na mentalidade secular e revolucionária de nosso tempo, que entra nas igrejas travestida de cristianismo.

É verdade que Jesus não deixou uma igreja institucionalizada aqui neste mundo. Todavia, ele disse algumas coisas sobre a igreja que levaram seus discípulos a se organizarem em comunidades ainda no período apostólico e muito antes de Constantino.

1) Jesus disse aos discípulos que sua igreja seria edificada sobre a declaração de Pedro, que ele era o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16:15-19). A igreja foi fundada sobre esta pedra, que é a verdade sobre a pessoa de Jesus (cf. I Pd 2: 4-8). O que se desviar desta verdade - a divindade e exclusividade da pessoa de Cristo - não é igreja cristã. Não admira que os apóstolos estivessem prontos a rejeitar os livres-pensadores de sua época, que queriam dar outra interpretação à pessoa e obra de Cristo diferente daquela que eles receberam do próprio Jesus. As igrejas foram instruídas pelos apóstolos a rejeitar os livres-pensadores como os gnósticos e judaizantes, e libertinos desobedientes, como os seguidores de Balaão e os nicolaítas (cf. II Jo 10; Rm 16: 17; I Co 5:11; II Ts 3: 6; 3: 14; Tt 3: 10; Jd 4; Ap 2: 14; 2: 6,15).

Fica praticamente impossível nos mantermos sobre a rocha, Cristo, e sobre a tradição dos apóstolos registrada nas Escrituras, sem sermos igreja, onde somos ensinados, corrigidos, admoestados, advertidos, confirmados, e onde os que se desviam da verdade apostólica não façam parte.

2) A declaração de Jesus acima, que a sua igreja se ergue sobre a confissão acerca de sua Pessoa, nos mostra a ligação estreita, orgânica e indissolúvel entre ele e sua igreja. Em outro lugar, ele ilustrou esta relação com a figura da videira e seus galhos (João 15). Esta união foi muito bem compreendida pelos seus discípulos, que a compararam à relação entre a cabeça e o corpo (Ef 1: 22-23), a relação marido e mulher (Ef 5: 22-33) e entre o edifício e a pedra sobre o qual ele se assenta (I Pd 2: 4-8). Os desigrejados querem Cristo, mas não querem sua igreja. Querem o noivo, mas rejeitam sua noiva. Mas, aquilo que Deus ajuntou, não o separe o homem. Não podemos ter um sem o outro.

3) Jesus instituiu também o que chamamos de processo disciplinar, quando ensinou aos seus discípulos de que maneira deveriam proceder no caso de um irmão que caiu em pecado (Mt 18: 15-20). Depois de repetidas advertências em particular, o irmão faltoso, porém endurecido, deveria ser excluído da "igreja" - Jesus usou o termo - e não deveria mais ser tratado como parte dela (Mt 18: 17). Os apóstolos entenderam isto muito bem, pois encontramos em suas cartas dezenas de advertências às igrejas que eles organizaram para que se afastassem e excluíssem os que não quisessem se arrepender dos seus pecados e que não andassem de acordo com a verdade apostólica. Um bom exemplo disto é a exclusão do "irmão" imoral da igreja de Corinto (I Co 5). Não entendo como isto pode ser feito numa fraternidade informal e livre que se reúne para no Café a qualquer dia da semana e aproveita para discutir assuntos culturais, onde não existe a consciência de pertencemos a um corpo que se guia conforme as regras estabelecidas por Cristo.

4) Jesus determinou que seus seguidores fizessem discípulos em todo o mundo, e que os batizassem e ensinassem a eles tudo o que ele havia mandado (Mt 28: 19-20). Os discípulos entenderam isto muito bem. Eles organizaram os convertidos em igrejas, os quais eram batizados e instruídos no ensino apostólico. Eles estabeleceram líderes espirituais sobre estas igrejas, que eram responsáveis por instruir os convertidos, advertir os faltosos e cuidar dos necessitados (At 6: 1-6; At 14: 23). Definiram claramente o perfil destes líderes e suas funções, que iam desde o governo espiritual das comunidades até a oração pelos enfermos (I Tm 3: 1-13; Tt 1: 5-9; Tg 5: 14).

5) Não demorou também para que os cristãos apostólicos elaborassem as primeiras declarações ou confissões de fé que encontramos (cf. Rm 10: 9; I Jo 4: 15; At 8: 36-37; Fp 2: 5-11; etc.), que serviam de base para o aprendizado e instrução dos novos convertidos, e para examinarem e rejeitarem os falsos mestres. Veja, por exemplo, João usando uma destas declarações para repelir livres-pensadores gnósticos das igrejas da Ásia (II Jo 7-10; I Jo 4: 1-3). Ainda no período apostólico já encontramos sinais de que as igrejas haviam se organizado e estruturado, tendo presbíteros, diáconos, mestres e guias, uma ordem de viúvas e ainda presbitérios (I Tm 3: 1; 5: 17,19; Tt 1: 5; Fp 1: 1; I Tm 3: 8,12; I Tm 5: 9; I Tm 4: 14). O exemplo mais antigo que temos desta organização é a reunião dos apóstolos e presbíteros em Jerusalém para tratar de um caso de doutrina - a inclusão dos gentios na igreja e as condições para que houvesse comunhão com os judeus convertidos (At 15: 1-6). A decisão deste que ficou conhecido como o "concílio de Jerusalém" foi levado para ser obedecida nas demais igrejas (At 16: 4), mostrando que havia desde cedo uma rede hierárquica entre as igrejas apostólicas, poucos anos depois de Pentecostes e muitos anos antes de Constantino.

6) Jesus também mandou que seus discípulos se reunissem regularmente para comer o pão e beber o vinho em memória d'Ele (Lc 22: 14-20). Os apóstolos seguiram a ordem, e reuniam-se regularmente para celebrar a Ceia (At 2: 42; 20: 7; I Co 10: 16). Todavia, dada à natureza da Ceia, cedo introduziram normas para a participação nela, como fica evidente no caso da igreja de Corinto (I Co 11: 23-34). Não sei direito como os desigrejados celebram a Ceia, mas deve ser difícil fazer isto sem que estejamos na companhia de irmãos que partilham da mesma fé e que crêem a mesma coisa sobre o Senhor.

É curioso que a passagem predileta dos desigrejados - "onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles" (Mt 18: 20) - foi proferida por Jesus no contexto da igreja organizada. Estes dois ou três que ele menciona são os dois ou três que vão tentar ganhar o irmão faltoso e reconduzi-lo à comunhão da igreja (Mt 18: 16). Ou seja, são os dois ou três que estão agindo para preservar a pureza da igreja como corpo, e não dois ou três que se separam dos demais e resolvem fazer sua própria igrejinha informal ou seguir como cristão isolado do cristianismo.

O meu ponto é este: que muito antes do período pós-apostólico, da intrusão da filosofia grega na teologia da Igreja e do decreto de Constantino - os três marcos que segundo os desigrejados são responsáveis pela corrupção da igreja institucional - a igreja de Cristo já estava organizada, com seus ofícios, hierarquia, sistema disciplinar, funcionamento regular, credos e confissões. A ponto de Paulo se referir a ela como "coluna e baluarte da verdade" (I Tm 3: 15) e o autor de Hebreus, repreender os que deixavam de se congregar com os demais cristãos (Hb 10: 25). O livro de Atos faz diversas menções das "igrejas", referindo-se a elas como corpos definidos e organizados nas cidades (cf. At 15: 41; 16: 5; veja também Rm 16: 4,16; I Co 7: 17; 11: 16; 14: 33; 16: 1; etc. - a relação é muito grande).

No final, fico com a impressão que os desigrejados, na verdade, não são contra a igreja organizada meramente porque desejam uma forma mais pura de Cristianismo, mais próxima da forma original - pois esta forma original já nasceu organizada e estruturada, nos Evangelhos e no restante do Novo Testamento. Acho que eles querem mesmo é liberdade para serem cristãos do jeito deles, acreditar no que quiserem e viver do jeito que acham corretos, sem ter que prestar contas a ninguém. Pertencer a uma igreja organizada, especialmente àquelas que historicamente são confessionais e que têm autoridades constituídas, conselhos e concílios, significa submeter nossas idéias e nossa maneira de viver ao crivo do Evangelho, conforme entendido pelo Cristianismo histórico. Para muitos, isto é pedir demais.

Eu não tenho ilusões quanto ao estado atual da igreja. Ela é imperfeita e continuará assim enquanto eu for membro dela. A teologia Reformada não deixa dúvidas quanto ao estado de imperfeição, corrupção, falibilidade e miséria em que a igreja militante se encontra no presente, enquanto aguarda a vinda do Senhor Jesus, ocasião em que se tornará igreja triunfante. Ao mesmo tempo, ensina que não podemos ser cristãos sem ela. Que apesar de tudo, precisamos uns dos outros, precisamos da pregação da Palavra, da disciplina e dos sacramentos, da comunhão de irmãos e dos cultos regulares.

Cristianismo sem igreja é outra religião, a religião individualista dos livres-pensadores, eternamente em dúvida, incapazes de levar cativos seus pensamentos à obediência de Cristo.

Autor: Augustos Nicodemus Gomes Lopes.

Augustus Nicodemus Gomes Lopes é Reverendo da Igreja Presbiteriana do Brasil, teólogo calvinista, professor e escritor natural da Paraíba. Foi chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Sua obra aborda as questões exegéticas, teológicas e práticas a partir de uma perspectiva reformada. Além de questões exegéticas e teológicas, Augustus Nicodemus aborda questões práticas como família, missões, santificação e plenitude do Espírito, culto, guerra espiritual.

Salvo do perfil da IPR de Nova Londrina.

Jônatas Martins Lopes, Rua Presitente Vargas, 519 - Janiópolis - Paraná
Desenvolvido por Webnode
Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora